O ANARQUISTA

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Anarquismo: Fins e Meios



Uma das forças históricas do anarquismo tem sido sua insistência na conexão entre fins e meios. Os anarquistas insistem que os objetivos libertários não serão alcançados por meios autoritários e, de maneira mais geral, estão atentos para os rumos dos compromissos assumidos no campo dos métodos políticos, que podem nos corromper ou influenciar nossos objetivos. Algumas vezes, no entanto, isso conduziu a uma equação por demais simplista entre nossos meios e nossos fins. Os anarquistas freqüentemente falham ao formular, particularmente, a questão política de como os nossos métodos relacionam-se com os nossos objetivos. Um exemplo disso é a alegação pacifista "Se todos se recusassem a lutar, não existiriam guerras". Nessas circunstâncias, isso é uma completa verdade, de fato, repetidamente assim. Porém, o pacifismo não sai desse truísmo. 

Isso não significa que a melhor maneira de prevenir as guerras é fazer um compromisso individual para recusar a lutar. A conexão entre as nossas ações e o objetivo de um mundo pacífico é política. Ela é política, pois envolve os processos do conjunto completo de poder e das relações econômicas que estruturam nossas tomadas de decisão pessoais e sociais. Para que nossas atividades tenham o efeito desejado, elas precisam ser endossadas por outros e, quer ela aconteça ou não, isso irá depender de um conjunto completo de fatores políticos e econômi- 
cos. Não é totalmente óbvio que a nossa recusa em lutar irá motivar um número suficiente de outras pessoas a fazer isso e, dessa maneira, tornar a guerra impossível (de fato, isso parece bastante improvável). A melhor maneira de evitarmos as guerras deve ser o ataque aos sistemas sociais e às injustiças que as produzem. Isso pode, até mesmo, incluir termos de combater. De maneira mais geral, para que nossos meios sejam apropriados aos fins que buscamos, precisamos ser capazes de relatar, de maneira real, como exatamente nossas atividades apontarão para nossos objetivos. Isso deverá considerar as realidades políticas e econômicas que afetam as nossas vidas. Muitas vezes, não é real acreditar que todos em nossa volta seguirão o nosso exemplo. 

As melhores formas de política anarquista evitam essas formas de perigosas utopias e oferecem às pessoas uma esperança verdadeira e um eventual sucesso em sua luta por um mundo melhor. A ação direta é um componente crucial desse tipo de política. 

Extraído do livro: Política Anarquista e Ação Direta de Rob Sparrow





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